Sobre cores e sombras
- Cristiane Bonezzi

- 13 de jun. de 2020
- 1 min de leitura
O sol estava forte, mas ventava frio e muitas nuvens pretas flutuavam preguiçosas na nossa direção. Tínhamos acabado de tomar o sorvete com aquelas colherinhas abomináveis de plástico que eu tento evitar mas vivo colecionando, me propondo a carregá-las na bolsa pra, da próxima vez, não precisar produzir mais esse mínimo lixo cotidiano. Ele já se acostumou e se adaptou à minha mania, e saiu brincando com as duas colherinhas coloridas: a minha, roxa, a dele, vermelha.
Distraída, olhei pra sombra no chão e ele apontou, surpreso também:
— Olha! A sombra é colorida!
Nunca soube que existia sombra colorida! Pra mim, sombra sempre foi sinônimo de falta de cor, escuridão, algo sem muita definição, disforme, e por isso tudo, misteriosa, suspeita, amedrontadora, triste.
Quando vi aquelas sombras coloridas das duas colherinhas projetadas no chão, as cores se misturando e se afastando como as asas de uma borboleta transparente, uma rajada de vento quente de sol me encheu o peito. Eu inspirei fundo e sorri, com essa esperança transparente, reveladora, encorajadora e alegre me acenando que por mais sombrio que possa ser o dia, a luz e a cor encontram seu caminho até nós.






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