Participe de um grupo de leitura

Quando morava em Montreal, montamos um grupo de leitura entre amigas. Era, ao mesmo tempo, um incentivo coletivo à leitura e um pretexto pra nos encontrarmos e colocar a conversa em dia. Líamos todas o mesmo livro e discutíamos as leituras mais ou menos a cada dois meses (foi o que deu pra negociar entre trabalhos, estudos e filhos pra cuidar). As leituras nem sempre eram consenso, nem as datas, mas os encontros eram sempre acolhedores, com vinho, chá e receitas feitas em casa ou de alguma padaria gourmet.⁠

De volta ao Brasil, com outros amigos, organizamos um café literário, mais regado a vinho e cerveja do que a café. Neste grupo, cada um lê um livro diferente, sem nenhum direcionamento. Nos encontramos quando cabe na agenda e, às vezes, até rola uma troca de livros.

Mais recentemente formamos um outro grupo, entre colegas escritores em formação, para discutir as leituras com um olhar de autores. Este foi o único dos grupos de que participei que nunca se encontrou presencialmente. A conversa é tão rica, ficamos tão à vontade, que parece que nos conhecemos pessoalmente e nos encontramos outro dia, nos tempos em que se podia abraçar livremente.

Esses são só alguns exemplos. O que eles têm em comum e de especial, pra mim, é a riqueza da troca, ler já imaginando o que comentar com amigos, sublinhar partes interessantes, imaginar o que vai chamar a atenção dos outros, que tipo de discussão o livro vai provocar. Minha experiência de leitura já é uma troca com quem escreveu o livro, e essa experiência é transformada quando sei que vou interagir com outras pessoas pra falar sobre ela. A leitura não precisa ser um ato solitário.⁠⁠